Nome Completo: John Wayne Gacy
Sexo: Masculino
Data de Nascimento: 17 de março de 1942
Local de nascimento: Chicago - EUA
Número de vítimas: 33
Motivo: Sexual/Sádico
Data da Morte: 10 de maio de 1994
Como morreu: Executado por Injeção Letal
História
John Wayne Gacy nasceu em 1942 em Chicago, único filho entre duas irmãs. O pai alcoólatra moldaria seu caráter. Na vida adulta, assumiria várias características dele, tornando-os cada vez mais parecidos.
John Wayne Gacy, o pai, era guiado pelo medo de não ser bom o bastante (deficiência de percepção), sempre achava que os outros eram melhores que ele e o ultrapassavam na carreira profissional. Tinha um profundo desprezo por homossexuais e políticos. Para corrigir sua deficiência de percepção, o pai tinha de ser melhor que todos à sua volta, especialmente melhor que o seu filho.
Para justificar os abusos que Gacy, o pai, cometia contra o filho, sua mãe explicava a ele que o pai tinha um tumor crescendo no cérebro e que, quando se descontrolava, não devia ser enfrentado. Se ficasse muito nervoso, o tumor poderia se romper e causar-lhe a morte. Todas as refeições na casa da família Gacy eram regadas a briga. Após este “delicioso” encontro, o pai descia para o porão, onde se embebedava.
Muito cedo, acusou o filho de ser homossexual e o ridicularizava e diminuía por isso. Gacy filho era punido por qualquer coisa que o pai considerasse um erro. Nada do que fazia parecia suficiente para agradá-lo. Sua relação com a mãe e as irmãs, por outro lado, era bastante forte. A mãe também apanhava do marido, e dividia com o filho as dores e humilhações causadas pelas surras.
Apesar de ter como pai uma pessoa tão desagradável, o filho o amava profundamente e desejava conseguir sua aprovação e devoção a qualquer preço. Jamais conseguiu ter intimidade ou proximidade com ele, problema que o perseguiria por toda a vida e causaria as insônias incuráveis de que sofria.
Este assassino também tinha problemas físicos: aos 11 anos, em conseqüência de uma batida de um balanço na cabeça, originou-se um coágulo que só seria descoberto cinco anos depois. Aos 16 anos, depois de vários desmaios e hospitalizações do que pareciam ser ataques epilépticos, o coágulo foi descoberto e tratado com medicamentos. Jamais os médicos conseguiram convencer o pai de Gacy de que ele desmaiava de verdade, e não apenas fingia para chamar a atenção dos adultos.
Aos 17 anos foi diagnosticado portador de uma desconhecida doença cardíaca, o que causaria várias internações de Gacy durante sua vida, mas as dores que sentia jamais foram explicadas. Nunca sofreu um ataque cardíaco.
Na escola, mantinha relacionamento normal com os amigos, e seus professores gostavam bastante dele. Deixou os estudos depois do ensino médio e viajou para Las Vegas, onde peregrinou por diversos empregos, inclusive de zelador de funerária.
Casou-se em 1964 e teve dois filhos. Entre 1965 e 1967, John W. Gacy era um modelo de cidadão, ao mesmo tempo que colecionava jovens vítimas que adorava punir. Sua esposa e amigos estavam absolutamente despreparados para a prisão de John, em maio de 1968, sob a acusação de coação de um jovem a atos homossexuais espalhando-se por um período de meses. Aquelas acusações ainda estavam pendentes quando Gacy contratou um assassino adolescente para espancar a testemunha do promotor, e mais acusações foram registradas. Conseguindo uma negociação, Gacy confessou-se culpado de sodomia e outras acusações foram desconsideradas. Sentenciado a dez anos na prisão, ele provou ser um prisioneiro modelo e foi liberado em 18 meses.
Divorciado enquanto estava na prisão, tornou a se casar em 1972 e passou a viver em uma vizinhança de classe média do subúrbio de Dês Plaines, onde era popular com seus vizinhos e oferecia festas temáticas elaboradas para os feriados. Por outro lado ele foi ativo como Pogo, o Palhaço, representando com maquiagem completa em festas de crianças e eventos caritativos. Mas apesar da vida social intensa, problemas de interesse sexual pela esposa causaram mais um divórcio em 1976. Sua vida política ia de vento em popa, mas novas acusações por molestar um menor acabaram com seus sonhos de ascensão no Partido Democrata Americano.
Os Fatos
Em 11 de dezembro de 1978, Robert Piest, 15 anos, trabalhava em uma farmácia. Sua mãe tinha ido buscá-lo no horário de saída, mas o garoto pediu que ela aguardasse um pouco, pois antes de ir para casa, conversaria com um empreiteiro que lhe estava oferecendo um emprego. A mãe ficou por ali olhando as prateleiras pacientemente, torcendo pelo esforçado filho que tinha. Pediu que ele não demorasse pois o bolo de seu aniversário o esperava pronto, em casa. O tempo foi passando e Robert não voltava. Depois de sair e entrar na farmácia várias vezes sem conseguir encontrar o filho, a mãe do menino resolveu chamar a polícia.
O tenente Joseph Kozenczak respondeu ao chamado. Depois de ser informado de que o nome do empreiteiro que havia oferecido emprego a Robert era John Wayne Gacy, resolveu ir até a casa dele para verificar. Já fazia três horas que o garoto estava desaparecido.
Quem atendeu à porta foi o próprio empreiteiro. O tenente explicou-lhe sobre o garoto que desaparecera e pediu que o acompanhasse até a delegacia, para prestar depoimento. Gacy disse ao tenente que não podia sair de casa naquele momento, pois havia acontecido uma morte na família e ele precisava atender a algumas ligações telefônicas. Assim que pudesse, iria até lá.
Horas depois, em seu depoimento para o tenente Kozenczak, o empreiteiro John Wayne Gacy disse nada saber sobre o desaparecimento do tal menino, mas assim que o homem saiu da delegacia, o policial resolveu checar o passado dele. Surpreendentemente, sua ficha criminal se encaixava com perfeição no caso.
Quanto mais pesquisava sobre a vida de Gacy, mais espantado o tenente Kozenczak ficava. Tratava-se de homem de grande prestígio na cidade e ninguém parecia saber de seus antecedentes. Era membro do Conselho Católico Inter-Clubes, membro da Defesa Civil de Illinois, capitão-comandante da Defesa Civil de Chicago, membro da Sociedade dos Nomes Santos, eleito homem do ano, Jaycee (Membro da Câmara de Comércio Jovem) e tesoureiro do Partido Democrata. Muitos de seus amigos tinham ouvido boatos sobre sua homossexualidade, mas não deram muita atenção, pois Gacy fora casado duas vezes e tinha um casal de filhos.
Era proprietário de uma empreiteira, PDM Contractors Incorporated, que executava serviços de pintura, decoração e manutenção. Gacy sempre contratava menores de idade, alegando que os custos eram mais baixos.
De posse de todas essas informações, confuso e desconfiado, o tenete Kozenczak obteve um mandado de busca para a casa do suspeito. Ele acreditava que encontraria Robert Piest ali. Encontrou muito mais...
Ao vasculhar a residência do empreiteiro, a polícia se deparou com várias evidências suspeitas:
· Anéis gravados, alguns com iniciais
· Sete filmes eróticos suecos
· Vários comprimidos do sedativo Valium e nitrato de amido
· Fotos coloridas de farmácias
· Livros sobre homossexualidade
· Um par de algemas com chaves
· Uma tábua com dois buracos de cada lado, de uso desconhecido
· Uma pistola
· Emblemas da polícia
· Um pênis de borracha preta
· Seringas hipodérmicas
· Roupas muito pequenas para serem de Gacy
· Um recibo de filme fotográfico da Farmácia Nisson (que depois descobriria ter pertencido a Robert Piest)
· Uma corda de náilon
· Duas licenças de motorista, não no nome de Gacy
· Maconha e papeis para enrolar baseados
· Um canivete
· Uma mancha no tapete
· Um livro de endereços
Três automóveis também foram confiscados. Em um deles, encontraram-se fios de cabelo que, depois de examinados por um laboratório forense, seriam identificados com de Robert Piest.
Durante todo o tempo em que recolhiam essas evidências, os policiais sentiam odores muito fortes, que pareciam vir de baixo da casa. Era provável que se tratasse de esgoto ou água servida, mas não custava verificar. A casa de Gacy foi construída de forma a ter um espaço entre o chão e a laje do piso, onde uma pessoa só conseguiria entrar rastejando. Além do odor, nada chamou a atenção.
John Gacy foi intimado a comparecer à delegacia para explicar os objetos encontrados em sua casa. Convocou seu advogado imediatamente. Foi acusado por porte de maconha e do sedativo Valium, mas a polícia não tinha mais nada contra ele. Tiveram de liberá-lo, mas mantiveram vigilância vinte e quatro horas sobre o suspeito.
Outras novidades começaram a aparecer no caso de John Gacy.
Em março de 1978, Jeffrey Ringall, na época com 27 anos, pegou uma carona num Oldsmobile preto. O motorista, homem grande e pesado, era bastante simpático. No meio do trajeto, sem nenhum aviso de que algo ameaçador estava para acontecer, o homem agarrou-o, colocando sobre seu nariz um pano encharcado com clorofórmio. Ringall perdeu a consciência. Durante o caminho, acordou algumas vezes, mas logo era obrigado a cheirar mais clorofórmio e perdia os sentidos.
No dia seguinte, quando recobrou a consciência, estava completamente vestido embaixo de uma estátua, em pleno Lincoln Park. Não fazia a menor idéia de como tinha ido parar ali. Foi até a casa da namorada, sentindo-se muito mal. Ao tirar a roupa, não puderam acreditar no que viam: lacerações na pele, queimaduras, hematomas. Ringall ficou internado no hospital durante seis dias e sofreu estragos permanentes no fígado causados pelo clorofórmio que inalou em grande quantidade. Ao ser interrogado pela polícia, aquela vítima só se lembrava de que um homem gordo o havia atraído para seu carro, um Oldsmobile preto. Lembrava-se também de ter sido levado a uma casa, onde foi atacado sexualmente e espancado com um chicote, mas não recordava a localização dela. Ficou difícil para a polícia investigar com tão poucos dados.
Já em dezembro do mesmo ano, inconformado com a situação, Ringall jurou encontrar seu abusador. Forçando a memória, lembrou-se de ter visto uma certa avenida no caminho, num dos breves momentos em que esteve consciente dentro do carro. Não teve dúvidas: pegou o próprio carro e estacionou-o na avenida por horas, todos os dias, até ver passar um Oldsmobile preto. Seguiu-o até a casa do motorista, obteve o nome do morador e entrou com uma queixa-crime de ataque sexual contra John Wayne Gacy.
Os exames forenses nos artigos recolhidos como evidência na casa de Gacy também começavam a frutificar. Um dos anéis encontrados pertencia a John Szyc, desaparecido em janeiro de 1977. Teoricamente, ele havia vendido seu carro para o empreiteiro dezoito dias depois de seu desaparecimento. A assinatura no documento do carro era falsa.
Também descobriram, nas investigações, que vários empregados de John Gacy haviam desaparecido:
John Butkovich, 17 anos, empregou-se na PDM Contractors para financiar sua paixão por carros. Dava-se muito bem com Gacy, até que este se recusou a pagar-lhe duas semanas de serviço. Butkovich foi até a casa do empreiteiro para cobrá-lo, acompanhado de dois amigos. Tiveram uma grande briga. O garoto ameaçou seu empregador, dizendo que procuraria as autoridades competentes para contar que ele sonegava imposto. Gacy ficou furioso. Butkovich e seus amigos deixaram a casa, ele deixou cada colega em sua respectiva residência e desapareceu para nunca mais ser visto.
Michael Bonnin, 17 anos, gostava de fazer serviços de carpintaria e sempre se mantinha ocupado fazendo diversos projetos. Em junho de 1976, no caminho para encontrar o irmão de seu padrasto, desapareceu. Estava restaurando um toca-disco automático para John Wayne Gacy.
Billy Carroll Jr., 16 anos, com vários antecedentes criminais menores, passava a maior parte do tempo nas ruas da área residencial da cidade. Fazia dinheiro arrumando encontros entre meninos homossexuais e clientes adultos, por uma pequena comissão. Desapareceu em 13 de junho de 1976. John Wayne Gacy era um de seus clientes.
Gregory Godzik, 17 anos, trabalhava na PDM Contractors e restaurava carros. Em 12 de dezembro de 1976, depois de levar a namorada à casa dela, disse que iria para casa. No dia seguinte a polícia encontrou seu Pontiac abandonado. Nunca mais foi visto.
Robert Gilroy, 18 anos, desapareceu em 15 de setembro de 1977. Seu pai, um sargento da polícia de Chicago, começou a procurá-lo assim que ele não compareceu a um encontro com colegas para andar a cavalo. Sua busca não resultou em nada. Jamais encontrou seu filho.
A polícia também descobriu que o recibo de filme da Farmácia Nisson era de um colega de trabalho de Robert Piest, que havia entregado a ele no dia de seu desaparecimento para que fosse revelado. Resolveram investigar de novo a casa de Gacy, que, pressionado, acabou confessando que matara uma pessoa, mas que o crime fora em legítima defesa. Fez um mapa para os investigadores, assinalando um local na garagem onde havia enterrado o corpo.
Antes de cavarem o local marcado, acompanhados de um legista, este identificou o cheiro terrível e pediu a verificação do espaço embaixo da casa do empreiteiro. Não demoraram para desenterrar três corpos em decomposição, e jamais a polícia imaginou a magnitude do que seria encontrado ali.
Gacy foi o responsável por 33 vítimas de tortura e assassinato. Quando o chão de sua casa foi removido, vários corpos em covas rasas foram encontrados. Para evitar a decomposição, Gacy os cobrira com cal. Acabou fazendo um meticuloso mapa para a polícia, indicando com precisão 27 corpos ali enterrados. Outros dois cadáveres foram encontrados embaixo do chão da garagem. No rio Des Plaines em Illinois também foram encontradas vítimas, pois Gacy explicou a polícia que começou a jogá-las ali por não ter mais local disponível para enterrá-las em sua casa. Também justificou que sofria de constante dor nas costas, que o impedia de cavar tanto.
O corpo de Robert Piest só foi encontrado em 1979, no rio Illinois. Na sua necropsia, ficou comprovado que ele morrera sufocado com toalhas de papel, cujos restos ainda foram encontrados em sua garganta. A família do garoto processou Gacy, o Departamento Condicional do Estado de Iowa, o Departamento Correcional e o Departamento de Polícia de Chicago para obter uma indenização de 85 milhões de dólares por procedimento negligente.
Apesar de todos os esforços e métodos utilizados para a identificação das vítimas, apenas nove corpos foram identificados, de um total de 33 encontrados. Hoje, com a possibilidade de exames de DNA, tudo seria mais fácil.
Gacy atraía as vítimas para sua casa com promessas de emprego em construção civil ou pagamento em troca de sexo. Uma vez ali, eram algemados para a demonstração de um truque: a pessoa não podia mais se soltar!
A maioria de suas vítimas sofria ataque sexual, era torturada e estrangulada com uma corda apertada vagarosamente por intermédio de uma machadinha, no estilo garrote. Gostava de ler passagens bíblicas enquanto fazia isso. Quase todos os garotos morreram entre 15h e 18h. Algumas vezes, Gacy se vestia como seu alter ego, o palhaço Pogo, enquanto torturava suas vítimas. Para abafar os gritos delas, colocava uma meia ou cueca na boca delas. Essa era sua assinatura: todas as suas vítimas tinham as roupas de baixo na boca ou na garganta. Em certas ocasiões, chegou a matar mais de uma vítima no mesmo dia.
Também contou à polícia que guardava o corpo da vítima sob a cama ou no porão antes de enterrá-lo embaixo da casa. Segundo ele, seus crimes eram cometidos por sua outra personalidade, que ele mesmo chamava de Jack Hansen. Este argumento nunca ficou comprovado pelos 13 psiquiatras que testemunharam em seu julgamento.
Em seus depoimentos para a polícia, John Gacy alegou que havia quatro Johns: o empreiteiro, o palhaço, o político e o assassino. Muitas vezes, durante seu depoimento, ao ser questionado sobre algum detalhe dos crimes, ele respondia: “Você tem de perguntar isso a Jack.” Ao terminar o diagrama do local onde estavam enterrados os corpos, embaixo de sua casa, Gacy dramaticamente desfaleceu. Ao acordar, disse que Jack havia feito o diagrama.
Declarou lembrar-se, e de forma incompleta, de apenas cinco dos assassinatos que cometera. Alegava que mesmo essas memórias não pareciam ser dele, e sim de outra pessoa. Ele era apenas uma testemunha. A grande maioria dos assassinos hediondos alega ter múltiplas personalidades, como meio de escapar da pena de morte. Por esta razão, essas alegações são vistas com ceticismo pelos médicos, advogados e policiais.
Nos testes psicológicos a que foi submetido pelo Dr. Thomas Eliseo, ele se negou com veemência a desenhar um corpo humano do pescoço para baixo, como se fosse algo ruim ou de que devesse se manter longe.
Quando examinado pelo Dr. Robert Traisman, Gacy foi mais cooperativo e desenhou o corpo todo. Em sua análise, achou significativo o fato de o paciente desenhar a mão esquerda cheia de detalhes e a mão direita muito pequena, coberta com uma luva. Sua explicação para isso no tribunal foi que o lado direito era seu lado masculino, enquanto o esquerdo simbolizava o feminino. Interpretou esse desequilíbrio como se Gacy tivesse dificuldade na sua identidade sexual. Ao desenhar uma figura feminina para o mesmo psicólogo, esta foi considerada “maciça, com aparência masculina e braços de jogador de futebol americano.” A figura feminina usava um cinto de duas voltas, as pontas caindo sobre sua área genital, o que o Dr. Traisman considerou “um óbvio símbolo fálico, sugerindo forte ansiedade sexual.”
Quando solicitado a desenhar qualquer coisa de sua escolha, Gacy desenhou sua própria casa, com os tijolos detalhados em excesso, tudo reproduzido fielmente. Para o Dr. Traisman, isto refletia uma “tremenda compulsão e perfeccionismo.”
Todos os sete psiquiatras que examinaram Gacy para seu julgamento concordaram que ele era inconsistente e contraditório, mas nenhum deles o diagnosticou como portador de múltiplas personalidades. Nenhum deles achou que ele era incapaz para ser julgado.
O Dr. Lawrence Freedman diagnosticou-o um pseudoneurótico esquizofrênico paranóico. Disse que Gacy era um homem que não tinha certeza de quem era, e de tempos em tempos manifestava diferentes aspectos de sua personalidade.
O Dr. Richard Rapport o descreveu como portador de uma personalidade fronteiriça e que, invariavelmente, tudo o que dizia apresentava dois lados.
O Dr. Eugene Gauron diagnosticou Gacy como um sociopata.
O Dr. Robert Reifman o considerou narcisista e mentiroso patológico.
O julgamento de John Wayne Gacy teve início em 6 de fevereiro de 1980 em Chicago, Illionois.
Mais uma vez num caso envolvendo crime em série a defesa do assassino alegou insanidade e a acusação, sanidade, maldade e premeditação.
A acusação iniciou os trabalhos, por intermédio do promotor Robert Egan. Foram ouvidas 60 testemunhas sobre sua sanidade mental. Muitos psiquiatras também testemunharam sobre a sanidade réu durante os ataques mortais. Todos concluíram que ele estava na total posse de suas faculdades mentais quando de seus atos, e que saiba muito bem diferenciar o certo do errado.
A primeira testemunha de defesa, composta pelos advogados Motta e Amirante, chamada para depor, para surpresa de todas, foi Jeffrey Ringall. Esperava-se que ele fosse testemunha da acusação, e não da defesa. Seu testemunho foi curto. A acusação queria que ele dissese ao júri que achava que Gacy não tinha o menor controle sobre suas próprias ações. Enquanto contava os detalhes do ataque sexual e tortura que sofrera, Ringall começou a vomitar de modo incessante e a chorar, descontrolado. Seu depoimento foi interrompido, ele não tinha condições emocionais de continuar.
Para provar a insanidade de Gacy, seus advogados chamaram amigos e família para depor. Sua mãe contou como ele havia sofrido abusos físicos e verbais do pai. Suas irmãs disseram ter presenciado as inúmeras vezes em que foi abusado e humilhado. Outros que testemunharam em sua defesa contaram ao júri como ele era generoso e bom, ajudava os necessitados e sempre tinha um sorriso para todos. Alguns depoimentos acabaram atrapalhando a defesa de Gacy, pois seus amigos se negaram a declarar que o achavam insano, e sim homem dotado de uma inteligência brilhante.
Outros psiquiatras foram chamados para dar seu próprio diagnostico. Todos declararam que Gacy era esquizofrênico e sofria de múltiplas personalidades e comportamento anti-social. Declararam que sua doença mental o impedia de perceber a magnitude de seus crimes.
Demorou apenas duas horas de deliberação para que o júri decidisse em quem acreditar: John Wayne Gacy foi considerado culpado da morte de 33 jovens e recebeu pena de morte por injeção letal.
Foi mandado para o Menard Correctional Center, em Chester, Illinois, onde, depois de anos de apelações, foi executado.
Os anos na prisão
Durante os catorze anos em que ficou preso, Gacy teve a mesma rotina: acordava às 7h, esfregava o chão de sua cela de 1,80 por 2,5 metros, olhava sua correspondência volumosa e trabalhava em suas pinturas. Ao ir para a cama, às 3h da madrugada, já tinha anotado cada ligação telefônica, visitantes (mais de 400) e cartas recebidas (27 mil), assim como cada pedaço de comida que ingerira. Estas anotações haviam se tornado uma obsessão.
Na prisão dedicou-se em demasia à pintura artística. Seu tema principal eram palhaços, e muitas pessoas pagaram caro para obter algumas de suas telas. Seus quadros foram exibidos em galerias por toda a nação americana. Gacy pintou vários auto-retratos, palhaços, Jesus e Hitler, chegando a vender cada tela de 100 dólares até 20 mil dólares. Pintava também artistas pop, como Elvis Presley, e personagens Disney, como Roger Rabbit e Branca de Neve e os Sete Anões. Criminosos notórios também foram retratados, como Charles Manson, Al Capone e John Dillinger. Chegou a ganhar perto de 140 mil dólares com sua arte macabra. Ficou tão conhecido que foi habilitado a instalar um número de telefone 0900, onde podiam ouvir mensagens gravadas com sua voz clamando por sua inocência, pagando-se 1,99 dólar o minuto. Acredite, muitas pessoas ligavam para ouvir essas mensagens e pagavam por esse serviço.
Com o decorrer dos anos, aguardando as apelações que seus advogados faziam, Gacy divorciou-se, fez psicoterapia, tentou suicídio e se tornou alcoólatra.
Morte
No seu último dia de vida, 10 de maio de 1994, Gacy recebeu a vista de sua família e seus amigos na Penitenciária Stateville em Joliet, Illinois.
A última refeição, escolhida por ele, foi frango frito (Kentucky Fried Chicken), camarão frito, batatas fritas e morangos frescos.
Às 21 h, foi pedido que todos os familiares e amigos se retirassem, mas Gacy poderia ficar até às 23h em companhia de um ministro religioso, se assim fosse sua vontade.
Nesse horário foram iniciados os preparativos finais. Foi oferecido a Gacy um sedativo. Exatamente a 00h01 ele foi retirado de sua cela, amarrado a uma maca e recebeu uma solução salínica intravenosa no braço. Foi dada a ele, então, a chance de pronunciar suas últimas palavras, que foram:
- Kiss my ass! (Beije minha bunda!)
A identidade dos executores sempre é mantida em sigilo, e é um trabalho voluntário. Todas as testemunhas da execução, através de uma janela, observam ser ministrada no condenado uma primeira dose de solução salínica, seguida por outra de sódio tiopental, um anestésico que o faria dormir pela última vez.
Em seguida, o brometo de pancuronium começou a entrar nas veias, para que seu aparelho respiratório fosse paralisado. Na seqüência, o cloreto de potássio pararia seu coração. O processo todo não deveria demorar mais que cinco minutos...
John Wayne Gacy levou dezoito minutos para morrer. O tubo por onde o soro estava sendo ministrado entupiu. Gacy bufou. Tão logo isso aconteceu, os atendentes da câmara da morte fecharam as cortinas em volta dele e começaram a lutar para desentupir o tubo. Trocaram por outro. Os olhos do prisioneiro se abriram pela última vez.
Finalmente, as duas últimas drogas encontraram caminho livre para dentro do corpo de Gacy. O monstro estava morto...
Se pudesse ter assistido ao que se passava do lado de fora, o palhaço Pogo teria adorado o circo que se instalou ali. Todas as redes de radio e televisão estavam no local, alem de espectadores em geral. Quanto mais o relógio se aproximava da meia-noite, mais o povo ali presente cantava, brindava e se comportava como se estivesse num show de rock. Pouquíssimas pessoas estavam ali para protestar contra a pena de morte.
Adolescentes vestiam camisetas com inscrições criativas, como “meus pais vieram à execução de Gacy e tudo o que consegui foi esta estúpida camiseta.”, ou “Nenhuma lágrima para o palhaço.”
Minutos depois da meia-noite, todos começaram a brindar e cantar mais alto. Garotas subiam nos ombros dos namorados, segurando lanternas.
Nada disso diminuiu a tristeza dos pais que perderam os filhos para sempre... Morria, nessa data, o misterioso assassino que se escondia atrás da máscara de um palhaço. Morria ali um louco com uma mortal necessidade de jovens vítimas, e com ele o segredo da identidade de várias delas.
Em 1998, vinte anos após os crimes de Gacy, novas buscas foram feitas num local perto de onde a mãe dele morava. Vários investigadores acreditam que Gacy matou muito mais gente do que o número de corpos encontrados, porém nenhum corpo além dos 33 anteriores jamais apareceu.
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